terça-feira, 29 de abril de 2008

OS CAMINHOS DA POÉTICA de Salet Rocha






São múltiplas as trilhas abertas pelos artistas
na elaboração da arte atual.


São vários os percursos deixados pelos construtores
da arte contemporânea. Digo construtores por acreditar
que os valores estéticos, como muitas outras coisas
que imaginamos quase que naturais na vida, são
construídos a partir de conflitos ideológicos, das lutas
entre as idéias e ideais dos produtores de arte, dos seus públicos, e das efetivas demandas da sociedade.


Salet Rocha já experimentou muitos caminhos no seu
percurso de vida e de elaboração de seu discurso estético, da sua arte. Na busca de uma poética própria
iniciou-se através da figuração, algo como erupções
de imagens que estariam fixadas na sua mente e que
seriam trabalhadas na produção de obras que simbolizam,
em essência, e exprimem com valores próprios, uma
realidade interna em todos nós.


Depois, mergulhou em águas mais profundas e criou
esculturas ainda figurativas, mas permeadas por forte
dose de abstração: eram dragões ou coisas parecidas,
apanhadas, provavelmente, no inconsciente.

Agora, e já a algum tempo, Salet como num ato de
aprofundamento ainda maior desconstrói seus bichos
e apresenta uma proposta onde os materiais falam por si só, independente de qualquer laço figurativo : telas metálicas, tecidos, gazes de algodão, madeira.
São objetos abstratos onde a estrutura, as texturas,
as transparências dos materiais e o sutil movimento provocado pelo vento são os componentes de sua poética.Agora, parecendo totalmente liberta de tudo
que não era essencial, Salet faz arte e constrói uma
poética totalmente pessoal, ligada ao seu jeito de
ver o mundo, a sua vida.


Fortaleza, novembro de 2001


*Roberto Galvão
Da Associação Brasileira de Críticos de Arte
( texto de apresentação da exposição
Sim - Lugares - Não 2001 )

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